"O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos." (Marguerite Yourcenar)

«Adevăratul loc de naştere este acela unde pentru prima dată ai aruncat asupra ta însuţi o privire pătrunzătoare» (Marguerite Yourcenar)

raulpassos.maestro@gmail.com

27 de jun. de 2013

SAINT-GERMAIN: MÍSTICO, POETA E MÚSICO

Uma tradução, do francês, de um poema do Conde de Saint-Germain, místico europeu nascido na Transilvânia, hoje Romênia, no século XVIII. Uma das mais enigmáticas e admiradas figuras do esoterismo. 


Buscador contumaz, sondei a Natureza
Do grande Todo conheci o princípio e o fim
Latente, na jazida, o ouro vi em sua grandeza,
A matéria captei e seu gérmen colhi assim.

Expliquei por quais artes, na entranha materna,
A alma constrói sua casa - a seduz, como um grão,
Qual trigo posto na poeira sempiterna -,
- Planta e vinhedo sendo, são o vinho e o pão.

Nada havia. Deus quis! Surgiu alguma cousa.
Descri; busquei o nada onde o mundo repousa.
- “Nada” era o equilíbrio e provia o suporte.

Por fim, com o peso do elogio e da censura,
Ele chamou minha alma; abri-me à Forma Pura.
Venerei-O! Mais nada havia... Minha morte!

                                        CONDE DE SAINT-GERMAIN (1707?-1784)
                                        Tradução de Raul Passos

7 de jun. de 2013

ENTREVISTA COM A EMBAIXADORA DA ROMÊNIA NO BRASIL

Link para a parte 1/3 da interessante entrevista com a Embaixadora da Romênia no Brasil, Diana Anca Radu (apesar do inábil apresentador, que por vezes eclipsa e encobre a entrevistada...).

http://www.youtube.com/watch?v=I8L-9jU-o-U

5 de jun. de 2013

SOBRE TOURADAS

Acabo de receber um infausto e-mail de um colega que assistiu a uma tourada na capital espanhola. Ao longo dos anos, tenho sido capaz de resistir a incontáveis piadinhas sem-graça quanto à minha alimentação vegetariana, ao passo que, quando em resposta reajo dizendo umas “poucas e boas” verdades sobre a carne e o sofrimento animal, acabo sendo tachado de “xiita” e o piadista se passa por “ofendidinho”. Todavia, não sou capaz de me resignar a um absurdo desses. Pois bem, o que vem a ser uma “tourada”?
Trata-se de um espetáculo dantesco e degradante que é suportado por hipócritas sem um pingo de sensibilidade. Muitos deles são capazes, em outros momentos, de empunhar bandeiras anti-caçadas ou de se proclamarem “defensores dos animais”. Imagino que um indivíduo que se compraz no horror de uma tourada também é capaz de se divertir colocando um gato dentro do forno de microondas ou ateando fogo ao rabo de um cachorro (quando não de um índio, ser humano seu igual, como por vezes é noticiado aqui no Brasil...). O único objetivo da tourada é desonrar uma espécie animal totalmente indefesa da maldade e da impressionante capacidade de barbárie da espécie humana! Pasmem vocês, alguns creem que o ser humano é uma espécie superior. Pois bem, eis o que o uso da razão – capacidade que em tese faria dele um ser superior – é capaz de edificar: um alarde para desorientar o touro enquanto ele, assustado, é distraído por um grupo de imbecis vestidos de palhaço (com todo o respeito que eu tenho pela arte clown). A tortura dura quase meia-hora, enquanto o animal é esfaqueado e tem suas orelhas e rabo cortados até que, finalmente, o “heróico combatente em seu cavalo” desfere o golpe misericordioso. O público, adequadamente disposto numa arena, como no tempo dos Romanos, e cuja mentalidade parece não ter evoluído desde então, aplaude em delírio.
Felizmente, mesmo nos locais onde essa “tradição” é mais arraigada – como na Espanha e no México –, a abolição da prática está se intensificando. E não é preciso ir tão longe: certas regiões do Brasil infelizmente ainda cultivam variantes tão desprovidas de dignidade quanto a tourada ibérica. Auspiciosamente, cada vez mais vozes se elevam para que esse tipo de barbaridade não passe impune. Não se trata aqui, desta vez, de apologia ao vegetarianismo: trata-se unicamente de um apelo ao bom senso e à sensibilização ante um ato que se traduz unicamente por crueldade nua gratuita, pérfida e sórdida.
“Ah, mas é uma tradição cultural!”, diriam alguns mais “inocentes”. Pois sim, por razões “culturais” também se mutila a genitália feminina em certos rincões da África e isso não torna o ato aceitável ou – menos ainda – admissível.

E viva el toro!