O Château d’Omonville, situado na região francesa da
Normandia, é a sede da Grande Loja de Língua Francesa da AMORC e juntamente com
as construções do Parque Rosacruz de San Jose, na Califórnia, é o edifício mais
emblemático da Ordem Rosacruz. Além de seu valor afetivo para os rosacruzes,
trata-se de uma construção importante também do ponto de vista histórico –
falamos aqui de uma elegante edificação em pedra cujas bases foram lançadas em
1754 e que foi concluída na segunda metade do século XVIII.
Contudo, ainda existe outra curiosidade, esta de
interesse musical, que chama nossa atenção para o Château: até fins da década
de 50 (em 1969, após quase uma década de abandono, o Château passa a ser
propriedade da AMORC), ele fora propriedade do rico notário parisiense André
Manceaux e de sua esposa Jeanne, que vem a ser irmã mais velha do célebre
compositor Francis Poulenc, cujos 50 anos de morte são relembrados agora em
2013 por todo o mundo da música.
André e Jeanne adquiriram o Château em 1927. No
decorrer dos anos, eles empreenderam a longa e meticulosa restauração que
devolveu à construção o seu esplendor. Assim, ocorre que o notável compositor
passou muitas temporadas em Omonville durante aquele período (até mesmo algumas
fotos de seus momentos de lazer no Château podem ser vistas em http://www.poulenc.fr/?Photos). Na quietude daquele local, Poulenc compôs algumas
de suas obras-primas, entre as quais o ciclo de canções Le Travail du Peintre (O Trabalho do Pintor), dedicadas cada uma a
um dos seus contemporâneos gênios da pintura (a saber: Pablo Picasso, Marc
Chagall, Georges Braque, Juan Gris, Paul Klee, Joan Miró e Jacques Villon).
Poulenc passou à história como um compositor que
trouxe à música francesa o frescor da espontaneidade: sua música, que arranca
aquele sorriso de identificação e cumplicidade do ouvinte, é de escritura
sofisticada, embora faça uso de uma linguagem simples, sendo profunda sem ser
aborrecida e ao mesmo tempo leve sem ser superficial, para tomarmos de
empréstimo as palavras do pianista francês Pascal Rogé.
O melodismo de Poulenc, que nos arrebata em obras como
Les Chemins de l’Amour, nos leva a
evocar Édith Piaf, ilustre cantora e rosacruz cujas qualidades interpretativas
tanto acrescentaram à música francesa. Poulenc e Piaf eram amigos e para ela o
ilustre compositor escreveu a última de suas Improvisations para piano, em 1959, que leva o subtítulo “Hommage à Édith Piaf” – Homenagem a
Édith Piaf.
O quarto de música do Château d’Omonville, onde ficava
o piano do compositor e onde ele materializou muito da música que lhe
inspiravam as Hostes Cósmicas, hoje é o escritório do Imperator, que vem a ser o dirigente mundial da AMORC. Ele
certamente continua a receber o influxo da Inspiração Divina para a boa
condução da Ordem e a desfrutar das excelentes vibrações lá deixadas pela
música de Francis Poulenc.
Raul Passos